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Justiça de Barra do Piraí concede liminar determinando obras emergenciais na Estação Ferroviária de Ipiabas
O juízo da 1ª Vara Cível de Barra do Piraí atendeu pedido da 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Barra do Piraí, determinando, liminarmente, que a Prefeitura realize obras emergenciais de escoramento da Estação Ferroviária de Ipiabas, de forma a evitar o seu desabamento, bem como faça a imediata desocupação do espaço no imóvel utilizado por serventuários.
A decisão ocorre no âmbito de ação civil pública de proteção do patrimônio histórico cultural ajuizada pelo MPRJ com o objetivo de recuperar a estação, tombada por lei desde 2005 como patrimônio histórico do município. A ação tem como base inquérito civil instaurado para apurar notícias sobre o mau estado de conservação da estação ferroviária.
Com coordenação do Grupo de Apoio Técnico Especializado (GATE/MPRJ), foi realizada a vistoria que identificou uma série de aspectos que demonstram o abandono do local, tais como a presença de infiltração nos telhados, cerâmicas quebradas, agentes biológicos como fungos e bactérias, acabamentos do banheiro e cozinha com demonstrações de modificações recentes e substituição ao acabamento original, além do risco iminente de desabamento do imóvel como já ocorrido em algumas partes.
A ação lembra que a ocupação e o desenvolvimento de Ipiabas estão ligados ao desenvolvimento da lavoura cafeeira, ainda na primeira metade do século XIX. A Estação Ferroviária de Ipiabas constitui parte dessa memória histórica e um elemento fundamental na identidade da localidade. “Estas heranças vêm sendo hoje cada vez mais degradadas por conta da desativação desses ramais e linhas de malha ferroviária do Estado e da omissão do poder público. É fundamental preservar as identidades culturais”, frisa a ação.
Além da medida liminar deferida pela 1ª Vara Cível de Barra do Piraí, na ação o Ministério Público do Estado requer projeto de restauração e a recuperação integral do imóvel, preservando suas características originais.
A FERROVIA NA HISTÓRIA DE BARRA DO PIRAÍ
Tombada pela Lei Municipal 933/2005, a Estação Ferroviária de Ipiabas foi construída em 1881 (século XIX) pela Estrada de Ferro Santa Isabel do Rio Preto, que ligava a Freguesia de Santa Isabel do Rio Preto ao Povoado São Benedito de Barra do Pirahy, através de um entroncamento com a Estrada de Ferro Dom Pedro II.
A primeira seção da linha entre Barra do Pirahy e Ipiabas foi inaugurada em 20 de outubro de 1881. Em 10 de novembro de 1883 veio a segunda seção entre Ipiabas a Conservatória. A terceira e última seção, que ligava Conservatória a Santa Isabel do Rio Preto, foi inaugurada em 25 de maio de 1885, completando a extensão da ferrovia, que era de 74,5 km.
Em setembro de 1889, a Estrada de Ferro Santa Isabel do Rio Preto foi adquirida pela Companhia Estrada de Ferro Santana. Meses depois as duas foram compradas pela Companhia Viação Férrea Sapucahy, que em 1931 passou a pertencer a Rede Mineira de Viação.
Com cobertura em telhas planas de barro, em cada uma das duas fachadas da Estação Ferroviária de Ipiabas, portas de madeira facilitavam o embarque e desembarque nos dois ramais ferroviários que cortavam aquele ponto da localidade.
Em 20 de novembro de 1922, por influência do doutor Oliveira Figueiredo, o distrito de Ipiabas teve seu nome alterado para Pandiá Calógeras.
Indignados com a mudança, moradores liderados por Antônio Tinoco Filho, impediram o desembarque das autoridades para a cerimônia de descerramento da placa com o novo nome, que tinha sido afixada em uma das paredes da Estação.
Em 10 de janeiro de 1923, o distrito e a Estação voltaram à antiga denominação de Ipiabas.
Com a retirada dos trilhos da Rede Mineira de Viação em 1961, a antiga Estação Ferroviária de Ipiabas foi desativada.
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