Opinião | Papagoiaba

Acumulando mais uma derrota nos tribunais, dessa vez na 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e na estreia pública de seu novo advogado de defesa e ex-ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), José Paulo Sepúlveda Pertence, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está cada vez mais próximo da prisão.

Condenado na 13º Vara Federal de Justiça de Curitiba e também no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Lula teve sua pena de 9 anos e 6 meses na primeira instância aumentada para 12 anos e um mês na segunda instância em processo visivelmente acelerado com a clara finalidade de decidir a questão antes das eleições presidenciais deste ano.

Sem entrar no mérito da condenação de Lula, até porque não nos cabe discutir decisões judiciais, alertamos para os dois lados do simbolismo pretendido pelos defensores da prisão imediata do ex-presidente.

Acirrar a polarização poderá fortalecer sua capacidade de transferência de votos caso ele seja visto como um perseguido - tendência clara nas pesquisas de popularidade após a sua condenação.

A história está cheia de exemplos de mudanças repentinas no senso comum pela comoção.

O que teria ocorrido se Getúlio Vargas tivesse deixado o Palácio do Catete detido como queriam a Imprensa, o Congresso e as Forças Armadas após o atentado contra o jornalista Carlos Lacerda em Copacabana?

Poderíamos enumerar possíveis e prováveis hipóteses, dentre elas uma guerra civil deflagrada pelo encarceramento da maior expressão popular do país no século XX.

Getúlio Vargas evitou calçadas ensanguentadas quando apertou o gatilho de um revólver contra seu próprio coração.

Um tiro mudou bruscamente o cenário político que se consolidava à época e o país acordou naquele 24 de agosto de 1954 com o povo nas ruas contra os opositores de Getúlio Vargas.

Guardando as devidas proporções e sem qualquer tipo de comparação entre os presidentes, talvez tenhamos com o encarceramento da maior expressão popular do país no século XXI, um ensaio sobre o que teria acontecido se Getúlio Vargas tivesse sido preso em 1954.

Eleger o próximo presidente da República é uma hipótese muito provável.

Boa parte da esquerda torce pela prisão de Lula.