Trocando em Miúdos
Quem tem a perder com um conflito armado entre Brasil e Venezuela?
Em abril de 1982, buscando um apelo popular muito forte para garantir os militares no poder, uma operação conjunta das forças armadas da Argentina invadiu as Ilhas Malvinas, que como Falklands Islands estavam sob o domínio britânico desde 1833.
A emotividade patriótica com a invasão das Malvinas aglutinou os argentinos em torno da junta militar, que liderada pelo general Leopoldo Fortunato Galtieri enfrentava tensões sociais provocadas pela incontrolável inflação de uma recessão econômica profunda, que interrompeu boa parte das atividades econômicas, fazendo crescer, astronomicamente, o endividamento externo das empresas, do Estado e do povo argentino, que convivia com salário real cada vez mais baixo e consequente aumento da pobreza e de seus efeitos.
Vejo o posicionamento do novo governo brasileiro sobre o poder na Venezuela, com muita cautela, principalmente, se o ditador Nicolas Maduro, que ainda conta com apoio das forças armadas, entender, que sua única chance de permanecer no poder é através de uma emotividade patriótica criada com um ataque ao maior país do continente, o Brasil.
Em matéria publicada pela revista Super Interessante, em julho do ano passado, uma guerra entre Brasil e Venezuela seria bastante equilibrada, já que os EUA e a Rússia, ainda que “simpáticos”, respectivamente, ao Brasil e a Venezuela, não participariam diretamente do conflito entre países extremamente distantes do status de potência econômica ou bélica.
A questão, ainda que abordada de maneira bem simplória, me leva a pensar sobre quem tem mais a perder no conflito?
De um lado, o Brasil, que busca superar a maior crise econômica de sua história, e do outro, a Venezuela, dominada por Maduro, que vê como única chance de sobrevivência, criar um conflito contra o grande da América do Sul, logicamente, rotulado pelo ditador venezuelano como dominado pelo imperialista aliado de Donald Trump.
Citando um dos muitos efeitos colaterais, lembro, que um eventual corte no fornecimento de energia ao estado de Roraima pela Venezuela representaria custo extra de R$ 1,2 bilhão por ano para os consumidores brasileiros. Roraima não está interligado ao sistema elétrico brasileiro e depende em grande parte das importações vindas do país vizinho.
Em uma linguagem nunca usada na diplomacia brasileira, o Itamaraty do ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo fez acusações graves ao presidente Nicolás Maduro.
“O sistema chefiado por Nicolás Maduro constitui um mecanismo de crime organizado. Está baseado na corrupção generalizada, no narcotráfico, no tráfico de pessoas, na lavagem de dinheiro e no terrorismo”, diz a nota, publicada no site oficial do Ministério das Relações Exteriores.
A história precisa ser entendida para evitar erros do passado.
E viva a baixaria da nova diplomacia brasileira!
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