Opinião | Papagoiaba

Parafraseando o bandido mais famoso dos anos 1970, o mineiro Lúcio Flávio, que ganhou o cinema nacional como ‘passageiro da agonia’ para dizer que polícia era polícia e que bandido era bandido, reafirmamos o quanto é prejudicial à imprensa os famigerados 'diários de delegacia', veículos onde jornalistas fazem o jogo das autoridades policiais em troca de 'furos', muitas das vezes, endossando versões construídas para ferir mortalmente a verdade dos fatos.

Neste domingo, 28, a tenente-coronel Luciana de Oliveira, comandante do 28º BPM de Volta Redonda, classificou, em entrevista a uma rádio local, o jornal Diário do Vale como inimigo da polícia militar, por causa de uma matéria baseada em dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), que apontam crescimento dos índices de violência no primeiro trimestre de 2019, em Volta Redonda, no Sul Fluminense.

Funciona assim nos 'diários de delegacia': o jornalista elogia e deixa de investigar as ocorrências policiais, e como reconhecimento recebe informações privilegiadas sobre ações e registros policiais.

Essa relação, extremamente promíscua, pode ser identificada em jornal impresso, rádio, internet e televisão, sempre em prejuízo do Jornalismo e da verdade dos fatos.

Alegam as autoridades, não somente as policiais, mas de todos os setores do Estado, que o bom Jornalismo valoriza o serviço público. Este pensamento, que tenta transformar a imprensa, de atividade econômica profissional e cultural privada, em ‘serviço público’, foi base para a comunicação no marxismo, no fascismo e no nazismo, sempre com o mesmo pretexto de que a imprensa representa interesses capitalistas e não a liberdade de pensamento.

DADOS DO ISP

Entre janeiro e março de 2019, foram registrados 23 assassinatos e 47 tentativas de homicídio em Volta Redonda. No ano passado, esses números ficaram em 20 e 24, respectivamente. Em 2017, foram 11 assassinatos e 19 tentativas de homicídio.