Trocando em Miúdos
Como o corpo humano reage aos efeitos do calor intenso
“A tontura, a perda de apetite e o aumento da produção de suor são meios que o organismo possui para regular a temperatura corporal durante os dias mais quentes do ano”, afirma o professor Luiz Guilherme Branco, do Departamento de Fisiologia, Morfologia e Parasitologia Básica da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da USP.
FOTO/CAPA/reprodução
Na primavera e no verão, quando as temperaturas atingem, como exemplo, 40°C, a temperatura corporal tende a se manter em equilíbrio, por volta de 36,5°C. O corpo humano possui ferramentas para avaliar a necessidade da regulação. “A termorregulação se baseia na existência de termorreceptores que detectam variação da temperatura ambiente na pele. Essas informações são levadas até o sistema nervoso central e são processadas no hipotálamo, assim, ajustes termorregulatórios são finalmente feitos”, explica Branco.
O fato de pessoas de regiões mais quentes se adaptarem melhor quando comparadas às de outras pode ser explicado: “O sistema termorregulatório de indivíduos adaptados ao calor se torna um pouco mais eficiente tanto na geração de suor quanto no fluxo sanguíneo cutâneo, que se torna um pouco maior também. Essa adaptação leva o indivíduo a ter um estresse térmico relativamente menor frente à mesma temperatura ambiente em relação ao indivíduo não adaptado”, diz o professor.
Os sintomas semelhantes até mesmo aos de uma virose são os efeitos da manutenção da temperatura corporal em equilíbrio. Como esse controle é inevitável, existem apenas formas de auxiliá-lo, fazendo com que o organismo não precise de tanto esforço para regular a temperatura.
Efeitos
A tontura, a perda de apetite e o aumento da produção de suor são mecanismos para a regulação da temperatura corporal durante o calor. Branco analisa a ocorrência desses eventos: “A tontura, via de regra, é comum. Ela é relacionada à queda da pressão arterial causada tanto pelo aumento do aporte sanguíneo cutâneo, ou seja, o sangue vai para perto da pele a fim de aumentar a perda de calor, como pela desidratação que esses indivíduos apresentam”.
A questão do apetite, coloca Branco, é fruto de uma demanda metabólica menor, já que não há a necessidade de gastar energia para produzir calor nos dias quentes, logo, tem-se uma tendência de comer menos. Já o aumento do suor está relacionado com a perfusão cutânea: “Por meio da ativação de glândulas sudoríparas, que acontece com o aumento da perfusão cutânea (fornecimento de sangue à região próxima à pele), aumenta-se a capacidade de transferência de calor para o meio”, pontua Luiz Guilherme Branco.
Para diminuir esses efeitos, Branco dá algumas dicas: “Ajustes comportamentais protegem a nossa saúde. Por exemplo, quando a gente está adaptado ao calor, passamos a aumentar a ingestão de água, a evitar alimentos muito pesados, a preferir alimentos ricos em água como frutas frescas, a usar roupas mais leves, a usar chapéus, a buscar sombra, a usar aparelho de ar condicionado, ventiladores, etc. São um conjunto de alterações comportamentais que acabam beneficiando a nossa saúde“.
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