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Milicianos usam munições compradas pelas Polícias Civil e Militar, Secretarias Penitenciárias, PRF e Forças Armadas
Um levantamento feito pelo EXTRA em parceria com o Instituto Sou da Paz revelou que cartuchos comprados por forças de segurança e forças armadas foram usados em pelo menos 23 ações criminosas que culminaram nas mortes de 83 pessoas em oito estados brasileiros, de 2010 a 2020.
Munições compradas pelas polícias civil e militar dos estados do Rio de Janeiro e Ceará, pela Secretaria de Administração Penitenciária do Rio, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e também pelas Forças Armadas foram usadas por milicianos para matar desafetos no Estado do Rio. Cartuchos adquiridos pelas corporações foram apreendidos em locais de crime de dez homicídios cometidos por grupos de milícia entre 2017 e 2020 na Região Metropolitana do Rio.
Nos assassinatos cometidos por milicianos na Baixada Fluminense, Zona Oeste e Região Metropolitana do Rio foram encontrados em Belford Roxo, munições de 3 lotes comprados pela Polícia Militar; em Queimados, 2 lotes; em Duque de Caxias, 2 lotes; em Santa Cruz, 4 lotes; e Itaboraí, 3 lotes.
Também foram encontrados projéteis adquiridos pela Polícia Federal, pela Aeronáutica e pela Polícia Civil de São Paulo durante operações policiais que descobriram locais usados como paióis pelas milícias.
Quatro dos assassinatos cometidos pela milícia com o uso de munição comprada com dinheiro público aconteceram em Itaboraí. Um deles teve como vítima Rodrigo Menezes de Carvalho, de 35 anos, que era dono de uma lanchonete na cidade. Na madrugada de 14 de janeiro de 2019, ele estava voltando para casa de moto com a mulher e os dois filhos do casal, de 5 e 6 anos, quando a família passou a ser perseguida por um carro preto. O veículo tocou numa das rodas da moto, derrubando a família. Um homem encapuzado saiu do carro, tirou os filhos de cima de Rodrigo e o executou com vários disparos.
No local do crime, agentes da Delegacia de Homicídios (DH) encontraram cartuchos de três lotes comprados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Ceará. Dois deles tinham como destino a Academia de Segurança Pública (Aesp), responsável pela formação e treinamento de policiais militares, civis e bombeiros do estado. No ano passado, dois instrutores desta academia desviaram lotes que foram usados numa chacina em Quiterianópolis (CE).
A polícia ainda não sabe como a munição comprada no Ceará chegou a Itaboraí. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado nordestino, há sindicâncias abertas que apuram “informação acerca de desvios de munições da Aesp”.
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