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Monitor da Violência revela que 75% das pessoas mortas por policiais no Brasil são negras.
Um levantamento do Monitor da Violência, uma parceria do portal G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), mostrou que 75% das pessoas mortas por policiais no Brasil são negras.
As informações foram colhidas nas secretarias de Segurança Pública dos 26 estados e do Distrito Federal.
Com exceção de Goiás, que não divulgou nenhuma informação, todos os estados informaram a quantidade de pessoas mortas pela polícia no primeiro semestre deste ano: mais de 3,1 mil mortos, um aumento de 7% em relação ao mesmo período do ano passado.
Dez estados não divulgaram as mortes em confronto policial por raça. Já Minas Gerais informou os recortes de raça apenas para as mortes cometidas por policiais civis, e não por policiais militares.
VEJAM UM RESUMO DOS NÚMEROS
- 3.148 pessoas foram mortas por policiais no primeiro semestre de 2020 (sem os dados de Goiás)
- 12 estados não divulgaram os dados de raça das vítimas
- 1.561 casos (49,6% do total) aconteceram em estados que divulgaram as mortes por raça
- 663 casos (42,5% do total) constam apenas como raça “não identificada”
- Dos 898 de casos com informações de raça, 678 são negros (75,5%)
Estados que não têm os dados ou os dados são incompletos:
Ceará: não há dados disponíveis de raça. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do estado afirma que a estatística de critério de raça no Sistema de Informação Policial (SIP) é feita a partir de informações repassadas por parentes para casos de crimes contra a vida. “Em outros casos, [como nos registros de letalidade e vitimização policial, que não são considerados crimes contra a vida,] o campo não é preenchido em razão da subjetividade da informação, o que gera uma inconsistência nos dados, impossibilitando a geração de uma estatística fiel ao cenário.”
Distrito Federal: o governo afirma que não possui o recorte de raça das pessoas mortas pelos policiais.
Goiás: o estado não divulgou nenhuma informação solicitada pelo G1. Foi o único estado do país a não divulgar os dados de letalidade e vitimização policial.
Maranhão: não há dados disponíveis de raça. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, “os dados por raça/cor não estão disponíveis por não serem alimentados em nosso Sistema de Registros de Boletins de Ocorrências”.
Mato Grosso: não há dados disponíveis de raça. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o registro do campo de raça e cor não é obrigatório no boletim de ocorrência. Por isso, as informações são subnotificadas. “Os dados extraídos do banco de dados não refletem a realidade. Estamos trabalhando continuamente junto aos usuários para que tais informações sejam preenchidas de maneira completa no boletim.”
Mato Grosso do Sul: não há dados disponíveis de raça. Segundo o governo, isso acontece “devido à indisponibilidade da informação do boletim de ocorrência no nível de detalhamento e/ou micro-dado do quesito solicitado”.
Minas Gerais: há informações de raça em relação às pessoas mortas pelos policiais civis, mas os dados não estão disponíveis para os casos que envolvem policiais militares. Segundo a PM, a corporação "não faz este tipo de filtro de dados".
Paraíba: não há dados disponíveis de raça. Segundo o governo, “não é possível a desagregação por raça/cor em razão da impossibilidade na captação dessa informação”.
Rio de Janeiro: não há dados disponíveis de raça para todo o semestre. Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), “os microdados do banco de dados de registro de incidências criminais e administrativas da Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro só estão passíveis de divulgação para o público em geral após a conclusão do processo de julgamento de recursos e publicação de retificações previsto no Artigo 3º da Resolução SESEG Nº 932 de 19 de fevereiro de 2016”. “Portanto, neste momento, só estão disponíveis os microdados até a data de 31 de março de 2020.”
Rondônia: não há dados disponíveis de raça.
Roraima: não há dados disponíveis de raça. O governo afirma que “não é possível fornecer as informações referentes a cor/raça em virtude de esses dados não serem contemplados no Relatório de Ocorrência Policial (ROP) utilizado atualmente pela Polícia Militar de Roraima”.
São Paulo: os dados consolidados não mostram os números desagregados por raça/cor. Para verificar a raça/cor, é necessário checar os dados brutos de boletins de ocorrências, mas essa base apresenta duplicatas e campos em branco e, mesmo eliminados esses problemas, os números são diferentes dos dados consolidados pela SSP.
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