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Milhares de coletas de materiais para exames de alta complexidade realizadas pela Santa Casa de Barra do Piraí perderam os prazos de validade
Desde o dia 22 de janeiro, há exatos 64 dias, que os materiais coletados para exames de alta complexidade pelo laboratório MTS, terceirizado pela Casa de Caridade Santa Rita de Cássia - Santa Casa de Barra do Piraí, não são enviados ao Laboratório São Camilo, em São Paulo.
Levando-se em consideração, que das 80 coletas diárias de materiais no laboratório da Santa Casa, cerca de 70% são analisadas pelo laboratório São Camilo, chegaremos ao assustador número de 3.584 exames de alta complexidade não realizados.
Em conversa telefônica na manhã de hoje com a biomédica Gisela Pereira Dias, gestora e responsável técnica do laboratório MTS, o Papagoiaba, apurou, que apesar dos seus inúmeros pedidos para que a coleta de exames de alta complexidade fosse interrompida, o gestor do hospital, Ivan Borges da Costa Neto, prosseguiu oferecendo o serviço, provavelmente, temendo resultados políticos negativos para a tão alardeada Nova Saúde do prefeito Mário Esteves (PRB).
O bloqueio aos exames da Santa Casa de Barra do Piraí pelo laboratório São Camilo, que teve como motivo falta de pagamentos, foi encerrado na tarde de sexta-feira (16).
Em sua página no aplicativo Facebook o prefeito mentiu quando foi questionado sobre os resultados dos exames de alta complexidade. Segundo Mario Esteves os atrasos foram provocados pelo crescimento da demanda de 6 mil para 22 mil exames mensais.
Segundo a Biomédica, mesmo informando que a maioria das coletas para exames de alta complexidade perderam os prazos de validade, as ordens do gestor Ivan Borges foram no sentido de proceder os envios. “O que vai acontecer é que grande parte dos materiais retornarão informando que novas coletas terão que ser realizadas”, disse.
Na ponta da linha do atendimento, Gisela Dias convive diariamente com insultos e até ameaças de pacientes indignados com o tempo de espera dos resultados dos exames realizados pelo laboratório São Camilo.
Segundo seu relato, o problema provocou desentendimento entre ela e o prefeito Mario Esteves, que cogitou retira-la do cargo no laboratório MTS alegando impossibilidade da gestora em lidar com questões estressantes.
Também com atraso nos pagamentos, o laboratório MTS não interrompeu os exames de menor complexidade, apesar da redução no quadro de funcionários contratados para o laboratório pela Santa Casa. Dos 6 plantonistas e 4 diaristas, um diarista já foi demitido e três estão cumprindo período de 30 dias de aviso prévio. Além disso, dois plantonistas estão gozando férias. “Nós estamos fazendo o possível para cumprir os prazos determinados nos exames que são realizados em nosso laboratório instalado na Santa Casa”, argumentou a Biomédica, que não teme qualquer tipo de problema por agir corretamente informando a verdade aos pacientes.
Uma das pacientes que depende dos exames de alta complexidade para tratamento oncológico, advogada Maria Elisa, defendeu a biomédica Gisela Dias. “Se não fosse a coragem dessa jovem que fala a verdade eu ainda estaria esperando pelos resultados de meus exames hormonais do laboratório São Camilo. Graças à ela eu sei que terei que repetir o processo de coleta e já estou me antecipando a informação que só deverá ser dada quando os materiais retornarem para a Santa Casa com prazos de validade vencidos”, desabafou.
O Papagoiaba fez diversos contatos com o laboratório São Camilo e não obteve qualquer resposta.
O Papagoiaba não conseguiu fazer contato com os outros citados na reportagem.
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