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Pesquisadores aguardam análises sobre mortes de botos no Lago Tefé, no Amazonas
Pesquisadores da equipe da operação Emergência Botos Tefé esperam resposta mais precisa das causas da mortandade de mais de 150 botos e tucuxis ocorrida desde o dia 28 de setembro, no Lago Tefé, no Médio Solimões, no Amazonas.
FOTO/CAPA/reprodução - pesquisadores da operação Emergência Botos Tefé
Eles aguardam o resultado de exames realizados nas carcaças dos animais, especialmente nos tecidos cerebrais para saber se houve alguma alteração ocasionada pela alta temperatura do lago ter causado a morte dos animais. A temperatura elevada das águas do lago, que chegou a mais de 39°C, é considerada a principal hipótese das mortes.
No dia 28 de setembro, quando 70 botos morreram, a temperatura da água atingiu 39,1°C. Apesar de ser apontada como principal fator, os pesquisadores ainda não descartam a possibilidade de outras causas, como alguma patologia ou intoxicação causada pelo crescimento de fitoplânctons.
Boletim mais recente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que coordena as ações, registrou a morte de 153 botos até terça-feira, 17. Do total, 130 botos são vermelhos e 23 são tucuxis.
Segundo o boletim, 104 animais foram necropsiados e as amostras de tecidos e órgãos enviadas para diversos laboratórios especializados distribuídos pelo Brasil.
“Tivemos 17 indivíduos já avaliados com análises histológicas e, até o momento, não há indício de um agente infeccioso relacionado como causa primária da mortalidade. O diagnóstico molecular [PCR] de 18 indivíduos também deu resultado negativo para agentes infecciosos, como vírus e bactérias, associados a mortes em massa”, informou o instituto.
O boletim aponta ainda que a mortandade de peixes na região é considerada normal para eventos de seca extrema. Outra equipe, responsável por monitorar os fitoplânctons no lago, registrou proliferação da alga Euglena sanguínea, desde o dia 3 de outubro, mas que, até o momento, não há evidências de que sua toxina esteja relacionada à mortalidade de golfinhos nem que tenha causado a morte de peixes no Lago Tefé.
Barreira
Para evitar mais mortes de botos, os pesquisadores estão montando uma espécie de cordão para isolar trechos mais quentes e conduzir os botos para áreas mais profundas do lago, onde a temperatura é mais baixa.
A estratégia consiste no isolamento da Enseada do Papucu, considerada um ponto crítico, e a condução dos animais para fora desse trecho, com a implementação de uma barreira física chamada pari, feita de estacas de madeira baseada no conhecimento tradicional ribeirinho. Posteriormente, será realizada a condução dos animais para áreas mais profundas e menos quentes do lago.
A condução para águas mais profundas também tem por objetivo evitar uma intervenção direta com os animais, que pode causar mais estresse. Em uma situação mais específica, o setor da operação responsável pelo monitoramento dos animais vivos poderia efetuar o resgate de um ou mais indivíduos. Até o momento nenhum animal foi resgatado.
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