Opinião | Papagoiaba
MPRJ investiga ações policiais contra pessoas em situação de rua por "atitudes suspeitas"
Ressaltando, que abordagens de pessoas em situação de rua devem seguir os critérios estabelecidos pela Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 976/2023, que orienta o respeito aos direitos fundamentais dessa população vulnerável e que busca evitar possíveis práticas de perfilamento racial, que viola princípios constitucionais como igualdade e dignidade humana, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) instaurou, no dia 14 de novembro, um inquérito civil para apurar a conduta de agentes do 12º BPM, da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) e da Guarda Municipal de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
As ações, realizadas em áreas como as praças da República, São João e Juscelino Kubitschek, além de outras regiões do Centro de Niterói e de Icaraí, tinham como objetivo abordar pessoas em situação de rua com "atitudes suspeitas".
De acordo com a Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania de Niterói, nenhuma ocorrência criminal resultou dessas abordagens, o que levanta dúvidas sobre a legalidade e a fundamentação das operações realizadas para prevenir furtos e outros crimes.
No inquérito também serão investigadas as condutas em relação a entregadores abordados nas mesmas ações, reforçando que revistas só podem ser realizadas com justificativas claras e legítimas.
Outro ponto de apuração é o uso das redes sociais do 12º BPM para divulgar imagens das abordagens. O MPRJ destacou que essa prática pode violar a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), ao expor pessoas sem justificativa plausível para a publicação.
O comandante do 12º BPM foi notificado para prestar esclarecimentos e fornecer registros das ações em até 10 dias úteis. O inquérito civil terá um prazo inicial de um ano, podendo ser prorrogado, para investigar eventuais excessos ou irregularidades.
O termo “perfilamento racial” se refere ao processo pelo qual as forças policiais fazem uso de generalizações fundadas na raça, cor, descendência, nacionalidade ou etnicidade ao invés de evidências objetivas ou o comportamento de um indivíduo, para sujeitar pessoas a batidas policiais e revistas minuciosas.
FOTO/CAPA/reprodução - pessoas em situação de rua
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