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No céu ou no inferno, Eurico sempre vai ser sinônimo de Vasco da Gama
Eu começo esse texto pedindo desculpas duplamente: primeiro pelo título “pesado” no dia de seu falecimento, mas infelizmente não achei outra maneira de expressar o que vivi vendo Eurico Miranda. Por fim, peço desculpas a torcida vascaína, pois aqui quem escreve é um tricolor que sentiu mais raiva do que admiração pela figura importantíssima e polêmica da história do Vasco da Gama que se foi hoje.
Aliás, não tem jeito. Quando se ouve “Eurico Miranda”, automaticamente 99% das pessoas pensam em Vasco da Gama, e isso não é coincidência. Eu, sinceramente, não conheci nenhum vascaíno maior do que Eurico e vou tentar te convencer disso.
Para mim, Eurico foi o MAIOR dirigente do futebol brasileiro e também o PIOR presidente da história do Vasco (Nesse ponto, não digo que seja do Brasil porque eu já vi muita gente ruim, incluindo Pedro Abad).
Eurico Miranda foi responsável direto por solidificar a rivalidade do “clássico dos milhões”. Não houve nenhuma figura rival que tenha mexido tanto com o brio da torcida flamenguista. Eurico foi responsável por tirar Bebeto do Flamengo para o Vasco, teve participação direta de grandes times da história cruz-maltina (incluindo o elenco campeão da Libertadores em 1998), entendia de futebol como pouquíssimos dirigentes, tinha olho clínico para talentos, foi importante na mitificação de grandes ídolos do Vasco, como Romário, Edmundo e Roberto Dinamite, assim como tinha o respeito (e muitas vezes até o temor) dos jogadores profissionais com quem trabalhou.
Eurico Miranda foi um desastre como gestor. Ele foi o principal responsável por afundar financeiramente o Vasco e por transformar o clube num verdadeiro “caldeirão” político (fazendo referência a São Januário). Arrisco-me a dizer que mesmo morto, Eurico seguirá vivo na figura de beneméritos da velha política vascaína. Como presidente, foi autoritário, ditador, perseguiu a imprensa e transformou uma instituição gigante, acostumada a sempre lutar por títulos, em um clube sem credibilidade, com três rebaixamentos na história. Usou por muitas vezes a paixão do torcedor vascaíno em benefício próprio, como sua infeliz, quase nula, vida política.
Apesar disso tudo, não tem como negar: Eurico levava o Vasco no Coração. Nunca abandonou o clube, nem mesmo durante a sua árdua luta contra o câncer. Era um verdadeiro fanfarrão e isso fazia parte de seu “personagem”. O maior exemplo de que Eurico respeitava seus rivais era forma como os provocava. Ganhar do Flamengo era um título, do Fluminense era obrigação e do Botafogo tradição. O personagem Eurico Miranda teve participação direta em uma época áurea de grandes rivalidades cariocas, rivalidade essa que causava inveja nos estados vizinhos.
Eurico teve contato direto também com um projeto, que particularmente acho muito bonito, que é a escola localizada na sede vascaína. Era quase uma doutrinação vascaína (literalmente). Ali, as crianças, além de aprenderem as lições de português e matemática, aprendiam a amar o Vasco da Gama. Mas, apesar disso, ali jovens sem oportunidades tinham um bom ensino e comida na mesa, coisas que fazem a diferença na vida de quem tem muito pouco ou quase nada.
Muitos o odeiam, você pode não gostar e eu tenho minha restrições. Talvez se tivesse falecido antes de se tornar presidente, 100% da torcida do Vasco estaria de luto hoje. Passei muita raiva e o amaldiçoei por muitas vezes (infelizmente o futebol, às vezes, me traz sentimentos ruins). Mas, hoje, dia 12 de março de 2019, no dia de sua morte, um tricolor fanático, jornalista esporadicamente, metido a escritor, vem aqui para fazer, mesmo que póstuma, uma reverência.
Com todo respeito, hoje foi para o céu (ou inferno) o maior vascaíno que já passou por essas bandas.
Partiu! Fui!
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