Espaço Cultural | PAPAGOIABA
Poeta do rock brasileiro: 25 anos sem Renato Russo
Renato Manfredini Júnior, o Renato Russo, morreu há exatos 25 anos, completados neste 11 de outubro. Sua obra, no entanto, continua viva e atemporal para aqueles que tanto se identificam com suas letras e reflexões sobre a “tchurma”, termo que ele costumava usar para o grupo de amigos com quem conviveu a adolescência e a juventude; sobre as cidades onde viveu, em especial, a musa Brasília dos anos 70 e 80; sobre o Brasil; e sobre os sentimentos que fazem, de cada um de nós, humanos.
Se a Brasília fosse uma tela em branco prestes a ser assinada por vários artistas, o nome de Renato Russo estaria entre eles. Afinal foi ele, poeta e músico, o responsável por apresentar, ao Brasil, a efervescência da cidade, na busca por uma identidade que tinha, como característica, tantos pedaços de Brasil trazidos por aqueles que começavam a povoá-la.
Brasília influenciou Renato, que influenciou Brasília. Essa troca de energia é percebida nas temáticas das letras de Renato, nas legiões de novos poetas e artistas que surgiram a partir da cena e, até mesmo, em monumentos e espaços que têm o artista como referência.
O antigo Teatro Galpão, espaço consagrado das artes na cidade, atualmente se chama Espaço Cultural Renato Russo. O nome do artista foi adotado também por sete brinquedotecas localizadas em hospitais públicos da cidade, por meio de uma parceria da ONG Amigos da Vida com o Instituto CNP Brasil.
Além disso, o governo local criou o Rota Brasília Capital do Rock, projeto que colocou 41 placas na cidade, marcando locais que foram referências para a cena roqueira local. O projeto, que tem como curador Philippe Seabra, pode ser visitado também de forma virtual por meio do Google Earth.
Em 1988, um show no Estádio Mané Garrincha mudou a relação entre Brasília e Renato Russo, a ponto de fãs revoltados pintarem “Fora Legião” em um muro na frente do prédio onde Renato morava, na 303 Sul, região central da cidade.
Uma série de erros na organização, falhas técnicas e uma polícia que não soube lidar com uma plateia bem maior do que a estimada acabaram por fazer deste show, segundo Carmen Teresa, irmã do cantor, “uma espécie de Gimme Shelter do Planalto Central”, disse ela, referindo-se ao trágico show da banda Rolling Stones, que resultou no assassinato de um jovem nos EUA, em 1969.
“Não havia, em Brasília, uma cultura de grandes eventos. Sei que meu irmão errou em suas falas também. Enfim, foi um dia desfavorável”, resume Carmen Teresa ao confirmar que, no dia, o irmão “abusou de algumas substâncias”.
Após esse show, em que houve confusão, pessoas se machucaram e o cantar acabou xingando a plateia e deixando o palco, Renato prometeu nunca mais voltar a fazer espetáculos na cidade. E isso acabou realmente ocorrendo.
FOTO/CAPA/divulgação/Agência Brasil/Ricardo Junqueira
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