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Espécie era considerada dizimada na região após surto de febre amarela em 2018

A equipe do Parque Estadual da Ilha Grande (PEIG), administrado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), comemorou em novembro o aparecimento de um grupo de bugios (Alouatta guariba clamitans). O primata é ameaçado de extinção e não era visto no local desde 2018, quando um surto de febre amarela matou mais de 30 exemplares da espécie na ilha.

O guia local Hans Bustos acompanhava um grupo de turistas até o Pico do Papagaio quando os gritos dos animais chamaram atenção. No flagra gravado por Bustos em um trecho da trilha que dá acesso ao atrativo do parque, é possível ver três bugios emitindo o alto e característico som da espécie, conhecido como o som da Ilha Grande.

O gestor do parque, Cláudio Barcellos, conta que a equipe da unidade de conservação comemorou o reaparecimento da mamífero no local. “Após o surto de febre amarela, as aparições não aconteciam e o som produzido pelos bugios, popularmente conhecido como “ronco”, não era mais ouvido. Este flagra da espécie nos deixa muito contentes. Significa que eles não foram todos dizimados”, acrescenta Barcellos.

Sobre a espécie e o parque

Animal símbolo do Parque Estadual da Ilha Grande, o bugio apresenta pelagem de cor intensa, que varia entre o marrom e o ruivo. Para se comunicar com os outros indivíduos e até demarcar território, os bugios emitem um som alto, que parece mais um ronco. A voz potente, que pode ser ouvida a centenas de metros de distância, ressoa com facilidade devido a uma protuberância que possuem na região do pescoço, maior nos machos.

O primata tem uma importante função ecológica para a vegetação brasileira, por espalhar sementes, o que ajuda na regeneração de florestas. A espécie Alouatta guariba clamitans está entre as mais ameaçadas de extinção, principalmente pela perda de hábitats e caça indiscriminada, em virtude do uso de sua carne e pele por alguns grupos humanos.

O Parque Estadual da Ilha Grande é o segundo maior parque insular do país e ocupa cerca de 62,5% da Ilha Grande. Sua importância para a proteção e conservação da biodiversidade fez com que fosse reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, Unesco, como parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, em 1992.

O parque foi criado em 1971 e teve seu território modificado pela última vez em 2007, com 12.052 hectares. Localizada na região sul do estado do Rio de Janeiro, na baía de mesmo nome, a Ilha Grande pertence ao município de Angra dos Reis. É a maior ilha do Estado do Rio de Janeiro, com uma área de 193 km². Trata-se de um dos destinos mais conhecidos do Brasil.

FOTO/reprodução